Tal afirmação vive sendo difundida pela grande maioria dos professores de português e está configurada em muitos compêndios gramaticais, como a gramática, que é tida como instrumento fundamental para o domínio padrão culto da língua.
Este mito se baseia na concepção de que a gramática deve ser aceita como única unidade fundamental para se comunicar e escrever de forma coerente. De fato, a gramática apresenta notória importância, mas, com o passar do tempo ela foi passando a funcionar como instrumento ideológico de poder e controle social. É perceptível que a norma culta existe independente da gramática, porém a manifestação desse mito está relacionada a um contexto histórico, baseado na confusão existente entre língua e gramática normativa. Segundo Marcos Bagno, a presença da gramática como mecanismo ideológico está no fato dela agir através da imposição de normas gramaticais conservadoras no ensino da língua. Desse modo, é preciso compreender que a situação do momento em que se fala e escreve é o fato preponderante na hora de escolha da variação lingüística, afinal, a maneira que falamos com os nossos amigos e familiares são diferentes da maneira que falamos com um reitor de uma universidade, assim, é importante aprender e deter o domínio padrão culto da língua ensinada nas gramáticas, mas é compreensível que a norma culta só deve ser utilizada quando o contexto necessitar de sua utilização.
A desmistificação desse mito pode ser obtida através da conclusão feita por Mário Perini em ‘’Sofrendo a gramática’’ na p.50 dizendo: “... não existe um grão de evidência em favor disso; toda a evidência disponível é em contrário". Afinal, se fosse assim, todos os gramáticos seriam grandes escritores, e os bons escritores seriam especialistas em gramática.
Texto escrito por: Marianna de Castro Araújo Lessa
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